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Ovulação filmada do início ao fim pela primeira vez

Novos dados de imagem revelam que o folículo se expande, contrai e finalmente libera o óvulo

Um óvulo que acabou de ser ovulado próximo ao folículo. ©Christopher Thomas, T.
Um óvulo que acabou de ser ovulado próximo ao folículo.

Aproximadamente 400 vezes na vida de uma mulher, um óvulo maduro dá o salto. Ele é liberado na trompa de Falópio, pronto para a fertilização pelo espermatozóide. Pesquisadores liderados por Melina Schuh, Christopher Thomas e Tabea Lilian Marx, do Instituto Max Planck de Ciências Multidisciplinares, conseguiram visualizar todo o processo de ovulação em folículos de camundongos em tempo real. O novo método de imagem ao vivo desenvolvido pela equipe permite que o processo seja estudado com alta resolução espacial e temporal, contribuindo para novos insights na pesquisa de fertilidade.

A equipe de pesquisa conseguiu agora observar todo o processo de ovulação em folículos ovarianos isolados de camundongos ao microscópio com alta resolução espacial e temporal. -Podemos distinguir três fases,- explica a diretora do Max Planck, Melina Schuh, chefe do Departamento de Meiose. -O folículo se expande, contrai e finalmente libera o óvulo.-

A primeira fase, expansão folicular, é impulsionada pela liberação de ácido hialurônico. Sob o microscópio, os pesquisadores acompanharam como o tamanho e a forma dos folículos mudaram durante esta fase. -Durante a ovulação, o fluido flui para os folículos, fazendo com que cresçam significativamente,- relata Christopher Thomas, ex-pesquisador do departamento de Schuh, agora líder do grupo no Institut de Biologie du Développement em Marselha e co-primeiro autor do estudo. Segundo a bióloga celular, a secreção de ácido hialurônico é essencial para esse crescimento e para o sucesso da ovulação. Quando os pesquisadores bloquearam a produção de ácido hialurônico, os folículos se expandiram menos e a ovulação não ocorreu.

Células musculares essenciais para a ovulação

Na segunda fase, a contração do folículo, as células musculares lisas da camada externa do folículo fazem com que o folículo se contraia. Quando a equipe inibiu a contração dessas células musculares, os folículos não conseguiram se contrair – novamente com graves consequências para o óvulo. -Neste caso também, a ovulação falhou,- diz Thomas. -Quando o folículo se rompe, o que acontece na terceira fase, o óvulo é liberado e a ovulação se completa,- explica Tabea Lilian Marx, também coautora e doutoranda no Departamento de Meiose. -A superfície do folículo se projeta para fora e eventualmente se rompe, liberando o fluido folicular, as células do cumulus e, por fim, o óvulo,- explica ela.

Após a ovulação, o folículo forma uma estrutura conhecida como corpo lúteo, que produz o hormônio progesterona para preparar o útero para a implantação de um embrião. Se o óvulo não for fertilizado ou se o óvulo fertilizado não se implantar, o corpo lúteo regride após 14 dias e um novo ciclo menstrual começa. -Nossas descobertas mostram que a ovulação é um processo notavelmente robusto. Embora um estímulo externo seja essencial para desencadear a ovulação, os processos subsequentes operam independentemente do resto do ovário, uma vez que toda a informação necessária está contida no próprio folículo,- diz Schuh. -Com nosso novo método, nós e outros pesquisadores podemos investigar mais detalhadamente os mecanismos da ovulação e, esperançosamente, obter novos insights para a pesquisa sobre fertilidade humana.-

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