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Quem é Alexandre de Moraes, o juiz que bloqueou o X de Elon Musk no Brasil

Elon Musk reagiu com fúria à ordem, rotulando Alexandre de Moraes de ditador maligno.

Brasília, Brasil:

Com seu olhar severo e sua careca brilhante, o juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes emergiu como uma das pessoas mais poderosas e polarizadoras do Brasil ao investigar os supostos ataques do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro à democracia.

O alvo mais recente em sua repressão à desinformação: Elon Musk.

O bilionário dono do X, que se autodenomina um “absolutista da liberdade de expressão”, nos últimos meses atacou Moraes, rotulando-o de ditador e ameaçando desafiar as decisões do juiz, bloqueando usuários que estivessem espalhando desinformação — em sua maioria apoiadores de Bolsonaro.

Moraes ordenou na sexta-feira a suspensão do X, anteriormente conhecido como Twitter, após um impasse de meses com o gigante da tecnologia sobre desinformação no maior país da América do Sul.

Musk, que também é dono da Tesla e da SpaceX, reagiu com fúria à ordem do juiz, chamando Moraes de “ditador maligno se passando por juiz” e acusando-o de “tentar destruir a democracia no Brasil”.

Conhecido pelo apelido “Xandão”, Moraes, 55, paira sobre as fissuras de um Brasil profundamente dividido.

O juiz imensamente poderoso, que também comanda o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é odiado pela extrema direita, que o acusa de censura e abuso de poder.

Para outros, ele é um herói que usa a magistratura para salvar a jovem democracia brasileira.

'Animal político'

Havia pouca coisa na vida de Moraes que indicasse que ele se tornaria um inimigo conservador.

O especialista em direito constitucional trabalhou como promotor público do estado de São Paulo e depois se tornou secretário de segurança do estado. Conhecido como linha-dura, ele atraiu críticas de ativistas de esquerda, que o acusaram de reprimir movimentos sociais.

Ele foi ministro da Justiça no governo do ex-presidente de centro-direita Michel Temer, que o nomeou para o Supremo Tribunal Federal em 2017.

“A expertise jurídica desempenhou um papel em sua ascensão meteórica, mas o que o colocou na Suprema Corte, e em 99 por cento de sua carreira, foi a política. Ele é um animal político”, disse à AFP o especialista em direito constitucional Antonio Carlos de Freitas.

Apesar de seu comportamento severo, Moraes é conhecido por seu senso de humor nos bastidores.

Fontes da Suprema Corte o chamam de pragmático com talento para dialogar com diversos atores, incluindo os militares.

Mas ele logo se viu em rota de colisão com Bolsonaro.

Durante a administração de Bolsonaro (2019-2022), Moraes ordenou investigações de vários aliados do presidente. Bolsonaro o chamou de “escória” e prometeu parar de seguir suas decisões.

Moraes presidiu uma série de processos contra o político apelidado de “Trump Tropical”, que foi impedido de concorrer ao cargo até 2030 por suas tentativas de desacreditar o sistema eleitoral — uma decisão proferida pelo TSE, o tribunal eleitoral presidido por Moraes.

A pauta atual de Moraes inclui o que pode ser o caso mais prejudicial contra Bolsonaro: a investigação sobre acusações de que o ex-presidente e seu círculo íntimo planejaram um golpe para permanecer no poder, apesar de perder as eleições de 2022 para o veterano esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva.

“O grupo de Bolsonaro encontrou um inimigo favorito em Moraes, que lhes impôs suas maiores derrotas no Supremo Tribunal Federal e bloqueou a disseminação de notícias falsas”, disse Freitas.

A polícia que investiga o suposto plano de golpe de Bolsonaro diz que ele incluía um decreto presidencial que declararia estado de emergência, convocaria novas eleições e ordenaria a prisão de Moraes.

Guerra de desinformação

Moraes foi uma figura onipresente durante a polarizada campanha de 2022, usando agressivamente suas decisões para combater a desinformação eleitoral nas redes sociais.

Isso incluiu o bloqueio de algumas contas de figuras importantes da direita, o que levou ao seu impasse com Musk, que foi acusado de transformar sua plataforma de mídia social em um megafone para teorias da conspiração de direita.

Moraes dá poucas entrevistas e raramente posta em sua própria conta X, “@Alexandre”, onde, mesmo assim, tem um milhão de seguidores.

“Liberdade de expressão não significa liberdade de agressão”, ele disse.

“Isso não significa liberdade para defender a tirania.”

Ainda a duas décadas da idade de aposentadoria compulsória para juízes no Brasil — 75 anos — Moraes tem ambições políticas, incluindo ser presidente algum dia, disse uma fonte próxima a ele à AFP.

Enquanto isso, Musk vai querer ter cuidado se desafiar Moraes para uma luta em uma jaula, como fez com seu colega titã da tecnologia Mark Zuckerberg — e como alguns internautas esperavam: Moraes estudou “muay thai”, a arte marcial conhecida como boxe tailandês.

(Com exceção do título, esta história não foi editada pela equipe da NDTV e é publicada a partir de um feed distribuído.)

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